terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O BRASIL , A COPA do MUNDO e a ADIDAS

Maracanã - Foto: Aurora Santos
É verdade que o brasileiro é apaixonado por futebol, talvez um dos mais apaixonados do mundo.É verdade que a realização da Copa do Mundo em terras verde e amarela poderia ser um golaço para a nação. Primeiro pela paixão. Viver, respirar e estar tão perto do maior espetáculo esportivo da terra. Para muitos, ainda maior em emoção que as Olimpíadas.
Depois, ter o país todo arrumadinho para receber os visitantes.


Foto: Carmelita Chagas
Mais ou menos como pintar a casa, trocar os móveis e colocar a melhor roupa para esperar as visitas. Um legado fantástico.
Na economia só ganho.Gerar empregos, movimentar o comércio, a rede hoteleira e tudo o mais que envolve um evento como este.
E por fim, talvez o gol de placa. Projetar o país para o mundo como um lugar bonito, receptivo, moderno, arrumado, onde tudo funciona e um ótimo lugar para ser visitado.Deixar de ser o país das bananas, do carnaval, das doenças tropicais ( como citam com frequência, em filmes) e do turismo sexual. 
Foto : Carmelita Chagas
Deu tudo errado. Pelo menos até agora.

Sete anos após o Brasil ser escolhido para sediar a Copa, os brasileiros descobriram, e foram para as ruas protestar. Agora? Por que não lá atrás?
É fato que estamos atravessando um momento muito ruim.Aliás não sei se estamos atravessando, ou já estamos mergulhados no caos faz tempo.
A Educação é uma das piores do mundo, a Saúde é um doente terminal, a InSegurança paira sobre nossas cabeças. O nosso modelo econômico é totalmente equivocado, e não precisa ser economista para perceber. Basta olhar os nossos números. Mas agora ? Inês é morta.

A FIFA já mostrou sinais de arrependimento várias vezes. Pelos estádios inacabados, pelos protestos de rua, pelos aeroportos que mais parecem rodoviárias, e por aí vai. Mas nós também estamos arrependidos. Pela nossa incompetência em escolher certo quem comanda o país, por esperar que alguém faça por nós, por reclamar tardiamente.

Como se não bastasse todas as nossas mazelas, a Adidas resolveu lançar camisetas alusivas a Copa no Brasil, expondo o país e  as Brasileiras, vendendo o país como um paraíso do sexo.
Nós brasileiros sabemos quem são as brasileiras. Guerreiras, batalhadoras, estudiosas, profissionais que disputam o mercado de trabalho com os homens de igual para igual.Que se destacam como executivas de grandes empresas públicas e privadas.Essas são as mulheres pelas quais vale um protesto. O Governo brasileiro tem sim que espernear, gritar e repudiar formalmente essa iniciativa da Adidas.
Garotas de programa existem em qualquer lugar do mundo, inclusive na terra da Adidas.

Por enquanto está tudo errado, mas porque não começar a acertar?

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

PHILOMENA

Quando um filme é baseado em fatos reais, não dá para fazer de conta que é mentira e nada daquilo aconteceu. Quando a história mexe com nossas emoções de forma desconfortável, é sempre melhor achar que tudo não passa de coisa de cinema, mas com Philomena não é assim. Terminamos o filme pensando quantas Philomenas  existem por aí, ceifadas no direito de ser mãe.
Philomena fica grávida quando adolescente, é abandonada pela família em um convento, que logo providencia que seu filho seja adotado.  
Não há um dia sequer, nos próximos 50 anos, que o coração dessa mulher não lembre de seu filho. Após sucessivas buscas mal sucedidas, Philomena encontra um jornalista disposto a ajudá-la a encontrar seu filho. A partir daí, descobrimos uma senhora sensível, generosa e divertida que nunca perdeu a esperança. 

A excelente Judi Dench, a qual estamos acostumados a ver no papel da fria e calculista M, nos filmes de James Bond, é Philomena, a doce senhora. Repare no olhar de Dench quando se refere ao filho. Inesquecível.

Philomena é um dos filmes indicados ao Oscar 2014 e Judi Dench, indicada como melhor atriz.
Esse ano o páreo está duro tanto para melhor filme, como para melhor atriz. 

Antes que chegue o dia da entrega das estatuetas, corra para o cinema e não perca Philomena, um grande filme.
Fica a dica. 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

NEBRASKA

O filme Nebraska, um dos ótimos filmes indicados ao Oscar 2014, conta a história de Woody Grant, um senhor de cerca de 80 anos, com a cabeça já um pouco fora de órbita, que acredita ter ganho um prêmio de 1 milhão de dólares, a ser retirado em Lincoln, Nebraska.
Woody acredita tão fortemente que ganhou o tal prêmio, que quase todos os dias, foge de casa, para desespero de sua mulher, para ir a pé, na sua longa jornada em busca do dinheiro.Após muita insistência, um de seus filhos, David, resolve levá-lo a Nebraska, mesmo sabendo que o prêmio não passa de uma propaganda de revista.
Essa viagem aproxima pai e filho e proporciona a David conhecer um pouco mais a família e os amigos do pai.
Nebraska foi dirigido por Alexander Payne, diretor dos também aclamados Os Descendentes, As Confissões de Schmidt e Sideways-Entre umas e outras. Eu, particularmente, acho que Nebraska é de longe, o melhor filme desse diretor. Payne acertou na mão ao criar um filme delicado, que embora aborde uma temática tão sensível quanto a senilidade, traz humor sem ser caricato, uma família disfuncional muito divertida e uma incrível sintonia dos personagens.
Bruce Dern
O diretor optou por rodar o filme em Preto e Branco, para tornar toda a situação mais melancólica, no entanto, na minha opinião,a ausência de cor em nada modifica a atmosfera criada. O filme é ótimo e um dos meus candidatos a levar a estatueta.
O ator Bruce Dern vive o personagem Woody Grant com tanta competência, que as vezes você esquece que ele é um ator e jura que ele é realmente um velhinho que anda esquisito, olha para o nada e vive em um mundo paralelo.
Esqueça seu preconceito com filmes P&B e corra para o cinema.
Fica a dica.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O filme ELA (HER) e os SMARTPHONES

Embora eu tenha trabalhado toda a minha vida profissional na área das telecomunicações, embora eu acredite que a internet rompeu todas as barreiras geográficas, seja capaz de aproximar as pessoas e trazer o conhecimento fácil e barato para todos que dispõe de um computador, cada vez mais se fortalece a minha crença na solidão acompanhada.
O Facebook possibilita que alguém tímido e reservado, tenha uma quantidade de amigos de fazer inveja a qualquer político em campanha.Algo que na vida real seria impossível.
Permite que todos participem da vida de todos ao mesmo tempo. Basta  " Aceitar" a solicitação de amizade, depois sair " Curtindo". Mas quão solitária é essa viagem.
Tão solitária que mesmo acompanhado de alguém de verdade, algumas pessoas preferem a companhia virtual.
Não raro, na praia, vejo casais que chegam, posicionam suas cadeiras, pegam os fones de ouvido, os smartphones e...passam o tempo sem trocar uma única palavra entre eles.A conversa é só nas redes sociais. Essa situação se repete em restaurantes, filas de cinema, supermercado....
E o que isso tem a ver com o filme Ela ? Tudo.

Her estréia por aqui no dia 14/02, sexta feira. E é classificado no Adoro Cinema como gênero : comédia, romance e drama. Ou seja, o crítico se enrolou porque embora as vezes risível, é um romance, porém dramático.
Theodore, vivido pelo ótimo Joaquin Phoenix, é um escritor solitário, cujo único relacionamento que mantém é com seu computador. Theodore compra um novo sistema operacional, com inteligência artificial avançada, que promete assistência pessoal, tipo uma secretária. Logo a voz desse aplicativo ganha um nome, a interação entre eles aumenta, o escritor se apaixona e se dá o início de uma relação amorosa entre eles, as vezes tão conturbada quanto uma relação na vida real.
O filme chama a atenção para a forma como o homem contemporâneo lida com a tecnologia, ao alcance da mão.
Atuam no filme também Amy Adams e Scarlett Johansson.

Apesar de ficção, não tão distante como imaginamos. A Google, entre outras, apostam fortemente em AI, sendo que esta, comprou recentemente sete empresas para desenvolver, exclusivamente, essa estranha forma de inteligência.

Ela, vale a pena. Fica a dica.