sexta-feira, 28 de novembro de 2014

SÉTIMO

Bem, a rixa entre brasileiros e argentinos é antiga e acho que eterna. Existe até aquela máxima, que não sei quem disse, mas se aplica bem a esses dois povos: Os brasileiros amam odiar os argentinos e os argentinos, odeiam amar os brasileiros.
No futebol durante bastante tempo, o jogo empatava. Éramos tão bons quanto eles. Agora,bom agora, é melhor mudar de assunto.
Na política estamos tão mal quanto los hermanos. É D. Cristina de lá, e D. Dilma de cá. Ambas, duras de engolir. Mas uma coisa é certa. Os argentinos além de saber fazer Papa, sabem fazer cinema. Dão de goleada nos brasileiros.....

O cinema argentino, é na minha opinião, um dos melhores da atualidade. Quando junta então, cinema argentino e o excelente Ricardo Darín, é diversão certa, da melhor qualidade. Alguns filmes imperdíveis do Darín, desses que são para ver de qualquer maneira: O Filho da Noiva, O Segredo dos seus Olhos ( meu favorito ), A dançarina e o Ladrão, Abutres, Um Conto Chinês, O que os homens falam, Elefante Branco, Tese sobre um Homicídio e Relatos Selvagens, que ainda não vi, mas que está sendo muito elogiado. Os demais, vi todos.

Estreou, ontem, nos cinemas, o filme Sétimo. Argentino e com Ricardo Darín. Logo, deveria estar na minha lista dos imperdíveis. Mas não está. Fugiu à regra, Darín + Argentina = sucesso.

Sétimo não é, nem de longe, um filme ruim. Mas não nos arrebata, não nos emociona, não nos diverte, não nos faz pensar como os demais.

O Sr. Sebastián todos os dias repete a mesma brincadeira com os filhos. Apostam quem chega primeiro à portaria do prédio, saindo do sétimo andar, onde moram. O pai de elevador e as crianças, de escada. Um belo dia, o Sr. Sebastián, simplesmente, perde os filhos. Como que por encanto, desaparecem.
Essa é a história de Sétimo, com Darín fazendo o desesperado pai, a procura de seus filhos.

Quem tiver tempo, pode dar uma passada no cinema para ver o Ricardo Darín. Só. 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

SAMUEL KLEIN - Um caso de sucesso

" Acredito no ser humano. Do contrário, não abriria as portas das minhas lojas todos os dias.O que ajuda a me manter vivo é a confiança que tenho no próximo."

Esse é um dos pensamentos que norteou a vida e o sucesso de Samuel Klein, o fundador das Casas Bahia, que morreu ontem, 20/11/14, em S. Paulo, aos 91 anos.

Samuel nasceu na Polônia, em 1923, em uma família judaica, com mais 5 irmãos. Aos 19 anos foi levado com seu pai para o campo de concentração Majdanek e sua mãe e irmãos mais jovens, para Treblinka, um campo de extermínio. Após dois anos de trabalhos forçados, foi transferido junto com outros prisioneiros para Auschwitz, em 1944. É quando, então, Samuel consegue fugir e após caminhar muitos quilômetros, se junta a um grupo de cristãos, também fugitivos.Consegue sobreviver a guerra, viajando daqui para ali. Na Alemanha, conhece sua futura esposa, com quem tem um filho. Fugindo da Europa, após passar por diversos países, chega ao Porto de Santos,em 1952, sem lenço, sem documento e sem dinheiro.
Klein se estabelece na cidade de São Caetano do Sul, na grande S.Paulo e lá inicia um modelo de negócio que seria o embrião das Casas Bahia.

Samuel começou vendendo cobertores.Talvez influenciado pelo frio eterno da Europa, mas deu certo, mesmo num país tropical como o Brasil. Ele comprava a mercadoria e vendia o mais longe que pudesse. Batia de porta em porta, oferecendo seus produtos (cama e mesa ), que os " fregueses " podiam pagar, como quisessem, em prestações. Quando voltava, no mês seguinte, para cobrar a mercadoria já vendida, oferecia, novos produtos. Esses eram aceitos, e uma nova conta era firmada. Sem papel, bastava a palavra de comprador e vendedor.
Após 5 anos, viajando muito, Samuel Klein conseguiu dinheiro para fundar sua primeira loja. A primeira Casas Bahia, cujo nome é homenagem a tantos fregueses baianos para quem ele tanto vendeu.

Esse modelo de negócio é o mesmo adotado hoje, nas 560 lojas da rede. Ou seja, quem compra na Casas Bahia, não precisa comprovar renda. Escolhe o produto, faz o carnê e pronto. A única exigência é que o pagamento das parcelas seja efetuado, exclusivamente, em uma das lojas da rede.
A razão é a mesma de quando Samuel começou. Quando o freguês volta à loja para realizar o pagamento, dá uma olhada em torno e observa outros produtos frutos do desejo. Assim, ou faz novo carnê, ou quando termina um, começa outro.
O giro de clientes é intenso e a inadimplência, acredite, perto de zero.

Samuel Klein foi provavelmente, o primeiro brasileiro, sim ele se naturalizou, a promover a inclusão social no país. Possibilitou que as camadas menos privilegiadas da população tivessem acesso a bens de consumo, até então, só possível para as classes mais abastadas. 

Esse brasileiro, seu modelo de negócios e sua Casas Bahia, com o slogan 'Dedicação total a você" foi tema de estudos na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

2014, Um Ano para Esquecer

Confesso que por mais que eu me esforce, não consigo lembrar de coisas relevantes que aconteceram no Brasil e no mundo, em 2014. Só me vem a cabeça, o quanto os povos desse planeta que habitamos são estúpidos e o quanto o Brasil é uma terra de corruptos. Infelizmente.
Penso no mundo e é impossível esquecer que a crise Ucrânia x Rússia começou com um protesto, aparentemente, pacífico, que reivindicava tão somente, uma aproximação com a Europa. Deu no que deu.Um Putin patético e arrogante.A Ucrânia dividida.
A guerra Palestinos x Israelenses é eterna e sinceramente, não vejo luz no fim do túnel.A Síria e outros países com governantes tão imbecis quanto, destruindo-se mutuamente. E aí, no meio dessa confusão, quando tudo parecia que não podia piorar,piorou. Apareceu o Estado Islâmico. Talvez o grupo mais cruel e sangrento, desde Hitler. Então, aqueles povos que lutam, acho que nem sabem mais porquê, perceberam que o inimigo era outro.E por incrível que pareça, alguns inimigos históricos estão se unindo para combater essa nova praga, que tem atraído tantos jovens do mundo, com promessas vazias.

E então, eu me refugio no meu país. Que não tem terroristas, pelo menos até agora.Que não tem catástrofes climáticas, até porque se tivesse, levaríamos mais 500 anos, para nos recompor. Que não tem guerra santa, porque somos todos católicos, espíritas, evangélicos, judeus e graças a Deus.

Mas somos tão corruptos. Acho que é cultural, faz parte das nossas raízes querer se dar bem, não importa como.D. Pedro já armava uns "trampos". Marcava pangarés com o logo da coroa, para vendê-los como puro sangue. Acho que vem daí. Ele começou, e nós nunca mais paramos.

Fico indignada com a falta de educação do dia a dia. Com a arrogância dos homofóbicos, com os trombadinhas vira lata, que aos 8 anos, as vezes menos, já começam no crime.Um cordão aqui, uma carteira ali.

Com a polícia, que salvo honrosas exceções, insistem em aparecer no noticiário, não por pegar bandidos, mas porque são bandidos!

Com os nossos políticos ! Esses são um caso a parte,esses são profissionais. Usam uniforme. Terno e gravata.Possuem um local próprio para se reunir. Pode ser nas câmeras de vereadores, nas assembleias legislativas ou no Congresso Nacional - deputados federais e senadores, depende de quantos votos conseguiram, quem enganaram e o quanto gostariam de subir na hierarquia do poder.
Poder que vai permitir as falcatruas, os mensalões, fatiar as estatais, comprar, vender refinarias de petróleo. Levar propinas, dar propinas, financiar campanhas presidenciais com dinheiro de propina.Um triste e lamentável cenário,que nossos governantes, em um estranho dano cerebral, não sabem de nada.


Esse tem sido o Brasil nosso de cada dia. Um escândalo por dia. É só esperar o noticiário ou abrir o jornal.

O Brasil cantado em verso e prosa, está sendo destruído sem rima, sem dó nem piedade.




Tenho medo que um dia eu me acostume com tudo isso, que eu perca a referência da ética, e ache tudo normal.Tenho medo de um dia dizer, já vi de tudo, não me indigno mais.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

BOYHOOD - da Infância à Juventude

Confesso não ter muita paciência para coisas longas. Séries longas de academia, livros com mais de 400 páginas, tarefas domésticas que vão me levar mais de 30 minutos, filmes com mais de duas horas de duração, e por aí vai. Não é porque eu não reconheça qualidade em coisas que vão me tomar muito tempo. É por medo de achar enfadonho, e por ter me comprometido com aquilo, não ter coragem de largar no meio e me obrigar a terminar.
Ou seja, ficar presa a um filme de 2h45min, deliberadamente, me faz pensar algumas vezes, antes de começar a assistir. Bobagem.
Esse preconceito só serviu para retardar que eu assistisse a um ótimo filme. 

Boyhood é o resultado da coragem do diretor Richard Linklater que, durante 12 anos, secretamente, todos os anos,durante 4 ou 5 dias, filmava algumas cenas.
Imagina, o mesmo elenco, a mesma equipe durante 12 anos. No meio do caminho poderia ter acontecido alguma catástrofe, alguém poderia ter morrido, enlouquecido, sei lá, e tudo iria por água abaixo. Mas deu tudo certíssimo.

A história começa quando Mason tem 5 anos e termina quando ele é adulto, aos 18.
Linklater captou todos os momentos de transformação física e amadurecimento dos atores.

Mason Jr. é vivido por Ellar Coltrane, sua irmã, Samantha, é a filha do diretor, Lorelei Linklater, sua mãe Olívia é a experiente atriz Patricia Arquette e seu pai, Mason, é o conhecido ator Ethan Hawke. Nesses 12 anos, Arquette engrenou alguns seriados de TV, entre eles Medium. Hawke fez 18 filmes !

Os méritos de Boyhood não se encerram nessa forma inusitada de fazer filme.
O diretor conseguiu mostrar as transformações emocionais, as inseguranças, as curiosidades, os medos, os traumas e as belezas que afetam uma pessoa da infância à adolescência, pelo olhar da criança que se transforma em adulto e ao mesmo tempo, proporciona ao espectador um ar de voyeurismo.

A verdade de Boyhood é a verdade das crianças a nossa volta, que vemos crescer, mudar de bonitinhos para desengonçados,depois novamente tomam jeito, são interessantes, as vezes chatos, dóceis, rebeldes.

Olivia é a mãe divorciada que cuida dos dois filhos, resolve voltar a estudar para melhorar de vida, escolhe errado os maridos, se muda com frequência de casa, dificultando que os filhos façam amigos, mas que quer acertar, no final das contas.
Hawke não foi o marido que Olivia pediu a Deus, mas é sem dúvida o melhor pai para os filhos dela.

Boyhood é um filme delicado, bem feito, que mostra com simplicidade e beleza, a vida comum de uma família, seus erros e acertos.Ou seja, poderia ser qualquer família.

Boyhood ainda está em algumas salas de cinema.É para ver amanhã.Imperdível.
Fica a dica.

domingo, 9 de novembro de 2014

Mil Vezes Boa Noite

Mil vezes boa noite é um filmaço ! Estreou essa semana e não dá para perder.

O filme conta a história de Rebecca, uma fotógrafa de guerra obcecada por seu trabalho e que ama sua família. Acontece que algumas vezes essas duas coisas parecem incompatíveis. 
Rebecca então, vive seu drama familiar,de  ter que conciliar sua vida profissional com a vida pessoal, e ao mesmo tempo, vive os horrores da guerra, dos sentimentos extremistas de um grupo de mulheres, de um país africano para o qual ela viaja , para cobrir uma guerra civil.

O filme, uma co - produção da Noruega, Suécia e Irlanda, lança um olhar ao mesmo tempo que crítico, também de compaixão, sobre um povo sofrido, radical e que pode ir ao limite , em nome de seus ideais.



Rebecca é a personagem da excelente atriz francesa Juliette Binoche, que já atuou em diversos filmes de sucesso. Quem não lembra de Chocolate e  O Paciente Inglês, por exemplo?



Mil Vezes Boa Noite é a dica da semana.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

November Man - Um Espião Nunca Morre

Parece título de um filme do agente mais famoso do mundo, James Bond, o 007. O personagem principal é vivido por Pierce Brosnan, um dos atores que durante quatro filmes da série, foi o charmoso, bonitão, inteligente e quase imortal, 007.Ponto. As coincidências param por aí. November Man - Um espião nunca morre, filme que estreou essa semana nos cinemas brasileiros, tem todos os componentes de filmes de espionagem, mas não é um 007.

Peter Devereaux, personagem de Brosnan, é um espião convocado a resgatar uma amiga, que trabalha infiltrada na Rússia, para espionar um poderoso de lá. Acontece que a moça corre risco de vida por ter informações importantes, que podem derrubar todo um sistema.
Como todo filme de espião, tem um vai e vem de diversos lugares, um monte de gente com nomes complicados, que depois de um tempo de filme, faz uma tremenda confusão, e aquelas reviravoltas que nos fazem ter certeza que não se pode confiar em espião.


Curiosidades sobre o filme: a data de nascimento de Peter Devereaux, é realmente a data de nascimento de Pierce Brosnan (16 de maio de 1953 ), que aliás continua fazendo biquinho.Lindo. Outra: Olga Kurylenko, que foi Bond Girl em Quantum of Solace, faz a personagem Alice. Mas já não é assim tão Bond Girl.

O filme não é ruim.Quem gosta do gênero como eu, sempre vai se divertir.Então, vale uma ida ao cinema, mas sem grandes expectativas.