segunda-feira, 10 de novembro de 2014

BOYHOOD - da Infância à Juventude

Confesso não ter muita paciência para coisas longas. Séries longas de academia, livros com mais de 400 páginas, tarefas domésticas que vão me levar mais de 30 minutos, filmes com mais de duas horas de duração, e por aí vai. Não é porque eu não reconheça qualidade em coisas que vão me tomar muito tempo. É por medo de achar enfadonho, e por ter me comprometido com aquilo, não ter coragem de largar no meio e me obrigar a terminar.
Ou seja, ficar presa a um filme de 2h45min, deliberadamente, me faz pensar algumas vezes, antes de começar a assistir. Bobagem.
Esse preconceito só serviu para retardar que eu assistisse a um ótimo filme. 

Boyhood é o resultado da coragem do diretor Richard Linklater que, durante 12 anos, secretamente, todos os anos,durante 4 ou 5 dias, filmava algumas cenas.
Imagina, o mesmo elenco, a mesma equipe durante 12 anos. No meio do caminho poderia ter acontecido alguma catástrofe, alguém poderia ter morrido, enlouquecido, sei lá, e tudo iria por água abaixo. Mas deu tudo certíssimo.

A história começa quando Mason tem 5 anos e termina quando ele é adulto, aos 18.
Linklater captou todos os momentos de transformação física e amadurecimento dos atores.

Mason Jr. é vivido por Ellar Coltrane, sua irmã, Samantha, é a filha do diretor, Lorelei Linklater, sua mãe Olívia é a experiente atriz Patricia Arquette e seu pai, Mason, é o conhecido ator Ethan Hawke. Nesses 12 anos, Arquette engrenou alguns seriados de TV, entre eles Medium. Hawke fez 18 filmes !

Os méritos de Boyhood não se encerram nessa forma inusitada de fazer filme.
O diretor conseguiu mostrar as transformações emocionais, as inseguranças, as curiosidades, os medos, os traumas e as belezas que afetam uma pessoa da infância à adolescência, pelo olhar da criança que se transforma em adulto e ao mesmo tempo, proporciona ao espectador um ar de voyeurismo.

A verdade de Boyhood é a verdade das crianças a nossa volta, que vemos crescer, mudar de bonitinhos para desengonçados,depois novamente tomam jeito, são interessantes, as vezes chatos, dóceis, rebeldes.

Olivia é a mãe divorciada que cuida dos dois filhos, resolve voltar a estudar para melhorar de vida, escolhe errado os maridos, se muda com frequência de casa, dificultando que os filhos façam amigos, mas que quer acertar, no final das contas.
Hawke não foi o marido que Olivia pediu a Deus, mas é sem dúvida o melhor pai para os filhos dela.

Boyhood é um filme delicado, bem feito, que mostra com simplicidade e beleza, a vida comum de uma família, seus erros e acertos.Ou seja, poderia ser qualquer família.

Boyhood ainda está em algumas salas de cinema.É para ver amanhã.Imperdível.
Fica a dica.

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